Em 2005 a nossa cidade dava sinais de enfraquecimento e aquela economia pujante das primeiras décadas estava dando lugar ao desânimo e a falta de um futuro promissor. Tivemos muitos problemas políticos que refletiram na economia e no ânimo das pessoas. Nós já vínhamos sentindo a perda de muitas lideranças, principalmente aquelas forjadas na fase pioneira e que por isso mesmo era engajada em tudo o que se fazia em Londrina, com alto nível de pertencimento. Não tivemos, a meu ver, uma passagem de bastão programada e perdemos lideranças que não foram substituídas a altura e na quantidade que a cidade necessitava.

Muitos fatores contribuíram para isso, além dos políticos. Isso criou um vazio prejudicial ao desenvolvimento do município. Foi dentro desse clima que nasceu o Fórum Desenvolve Londrina (FDL), uma instituição que contou na sua fase inicial com o apoio da CODEL, na época tendo como presidente nosso companheiro Cláudio Tedeschi, a FIEP na pessoa do Clóvis Coelho, a ADETEC com Florindo Dalberto e Tadeu Felismino e com a ACIL na presidência de Augusto Rapcham, tendo o SEBRAE com um papel especial na formatação e implantação da metodologia que é seguida até os dias atuais.

Nessa época o SEBRAE estava realizando um trabalho de formação de movimentos como esse em cidades do Paraná, apoiado no trabalho do professor José Munir Nasser que tinha vínculo com a JCCI (o fórum de Jacksonville – Flórida – USA) e trouxe a experiência daquela cidade para ser aproveitada em algumas pequenas cidades paranaenses que vinham enfrentando dificuldades. Assim nasceu o FDL inspirado em Jacksonville e em Bilbao (Espanha), outra cidade modelo para o mundo nesse trabalho que busca inserir a sociedade na discussão do futuro da comunidade.

Ambos os movimentos já contavam com mais de 20 anos, contabilizavam muito sucesso e experiência para ser transferida para outras localidades ao redor do mundo. Consumimos nosso primeiro ano discutindo visão de futuro, valores, metodologia e aprofundando na experiência vivida por essas duas cidades. Foi também uma oportunidade para que os integrantes se conhecerem melhor e, ao longo de muitas reuniões, pudessem afinar a forma de pensar e agir. É um trabalho voluntário que exige um alto grau do sentimento de doação, uma abertura mental que permita conviver com as diferenças e lidar com as decisões por consenso.

Não existe hierarquia, todos estão no mesmo nível. A diretoria é uma necessidade prática para levar adiante o programa, mas não cabe a ela impor caminhos a serem seguidos. O plenário é quem decide e o consenso é sempre o procurado. A vida longa e os resultados positivos acumulados nestes 17 anos se devem muito ao cuidado dos seus fundadores em construir alicerces fortes, capazes de sustentar os imprevistos que o futuro poderia trazer.

Hoje recebemos muitos palestrantes e pessoas interessadas em conhecer nosso trabalho; todos elogiam e se mostram surpresos por um movimento como esse durar tanto tempo e com a mesma frequência das reuniões. Temos ouvido muito a expressão de que uma instituição como essa é patrimônio da cidade. Nesses 17 anos de existência do FDL muitas coisas foram feitas e percebemos que os temas levantados passam a ser objetos de discussões na mídia e no meio social, provocando a partir daí os primeiros resultados.

O FDL é propositivo e uma das suas missões é fazer a sociedade olhar e pensar sobre os temas em discussão e isso já é um passo importante. Quando tomamos conhecimento sobre aquilo que nos aflige buscamos soluções. Muita coisa já foi feita e muitos benefícios já foram contabilizados para o desenvolvimento econômico, social, ambiental, educacional e cultural de nossa cidade.

De todos as conquistas, a meu ver, a maior foi a união de entidades (trinta e oito até o momento) que passaram a agir juntas nos movimentos em prol do desenvolvimento local. Antes todas trabalhavam em prol da cidade, mas agiam isoladamente, não havia a integração que passou a existir depois da criação do FDL. Vida longa ao Fórum Desenvolve Londrina.